Tomara que se encontre logo mais ampla alternativa de consenso, ainda que torcida já haja bastante, e em grande parte em sentido oposto. Isso impressiona, assusta.
Assim como assustam e impressionam a rapidez e a solidez dos juízos definitivos, lastreados em tenaz avidez por desconsiderar qualquer coisa oposta, mesmo fatos.
Mais que desconsiderar, banir — avançam a continentais passadas os bloqueios a plataformas, agências e veículos noticiosos, de parte a parte, a expor enfoques outros.
Seria novo caso de uma falsa equivalência, de modo que uma palavra, digamos, russa, não equivale a uma palavra, digamos, europeia — e vice-versa, de saída e por decreto?
(Esqueça-se, claro, a geografia e a história.)
Não é da opinião de indivíduos ou de controvérsias ideológicas, quiçá alegadamente científicas, que se trata. Tampouco de outra indevida manifestação particular.
A não ser que Putin, em sua aparentemente não tão bem planejada invasão (em já enciclopédico parecer), esteja a agir apenas em seu próprio nome e por si mesmo.
Se assim o for, a generalidade do país que comanda, sempre preponderante, possuirá os meios de reverter tal inadequação executiva.
Mais que isso, os recentes atos da quase generalidade global, sanções aqui inclusas, vão encontrar concordante reverberar dentro das fronteiras russas.
Levando, por moroso e conflituoso que seja, ao término de qualquer governo mais voltado a seu mero anseio particular do que ao verdadeiro interesse de um povo, ainda que autocrata.
Um momento: metafísica, ingênua e sonhadora, épica, a uma hora dessas?
É verdade. Certo deve integralmente estar o oeste, em plena boa intenção de paz mundial, desde que via Otan.
Devendo, assim, ser obliterada a íntegra do leste que não se conformar. A começar pela perigosa insolência dos gatos e das árvores.
Putin está certo? Claro que não. Mas não é o único errado — e pelo menos dele se conhecem, ao que parece, as motivações (enquanto há canais abertos a tal informação).
À alvissareira impressão do luzir recente de alguma razoabilidade conjunta entre nós, contrapõe-se agora a efusiva manifestação de mais da metade do planeta pelo cancelamento de uma nação — sem diálogo, sem diplomacia, com intransigência.
E tudo isso às custas do infortúnio de outra, quiçá mesmo heroica em sua resistência e audaz em suas demandas, mas efetivamente deixada à própria sorte, aterrada entre um ocidente e um oriente mais próximos do que nunca — e talvez para nunca mais.
Algo de bastidor
Apesar dos canais informativos se fechando, agora em ritmo mais acelerado, há fartura de informações falsas e verdadeiras para todos os gostos e bandeiras, para todas as razões e emoções. A ponto de tudo isso fazer lembrar de polêmica e jocosa questão, certamente imprópria para o momento: numa churrascaria, tem salada; num restaurante vegano, não tem carne; quem é o intolerante?
L.O.V. Leia Ouça Veja
“BBC, Bloomberg suspend news operations in Russia amid free press crackdown” (Sara Fischer, Axios).
“Russia’s mass media watchdog blocks access to Facebook in Russia” (Tass).
“Access to Twitter restricted in Russia” (Tass).
“Zelensky to Europe: "If we will fall, you will fall so please don't be silent” (TuAnh Dam, Axios).
“Imposing a no-fly zone (NFZ) would mark a significant escalation in the war — potentially bringing NATO, which Ukraine is not a member of, directly into a conventional conflict with a nuclear power” (Laurin-Whitney Gottbrath, Axios).
“Ocidente prometeu armas e munições para a Ucrânia. Resta saber como as vai entregar” (António Saraiva Lima, Público).
“Putin’s Strategic Failure and the Risk of Escalation” (Nigel Gould-Davies, The Moscow Times).
“(…) dois pronunciamentos corretos e serenos de Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil na ONU, não mereceram o devido destaque na imprensa brasileira” (Reinaldo Azevedo, UOL).
“As sanções contra a Rússia podem ser um tiro no pé” (Paulo Kliass, Terapia Política).
“Only seven banks, representing a quarter of the Russian banking sector, are subject to the sanctions. (…) The EU is cheering on the Ukrainian side from a safe distance, watching from warm living rooms, heated by Russian gas” (Not so swift after all, 3 March 2022, Eurointelligence).
Playlist Condizente — The Banishment Mix — 2209
Sou + Você — Racionais
“Não vou te enganar, o bagulho tá doido.”
Reality — David Bowie
“I look for sense, but I get next to nothing.”
Raised by Wolves — U2
“The worst things in the world are justified by belief.”
Old Man — Black Pumas
“Sure enough brother, sure enough sister.”
Na série “Sonoras que Condensam a Vida”
“A Argentina não considera que as sanções unilaterais sejam um mecanismo para gerar paz e harmonia novamente, ou gerar um diálogo franco para que se resolva o conflito de fundo, que é salvar vidas.”
Santiago Cafiero, ministro de Relações Exteriores da Argentina; início de março, por aí
Last but not least
O chato do Português
“Que esporte seria praticamente impossível praticar na areia da praia?”
Caldeirão; início de janeiro, por aí (muito tempo atrás)