É verdade, a caçamba não está mais lá. Há barulho, algum barulho de obra, de reparo, esse sempre há nesta cidade. Aqui, por mais que poucos reparem, aqui, sim, tudo ainda é construção. E sequer é ruína. Vem inesperada a frase, óbvia como caçamba vem, verso mexido e recolocado, terá sido o óbvio ter sido recolocada por outro que talvez meio assim a lera, nem descarte nem entulho, dedicada a essa cidade, outra. Pegou da caçamba, reaproveitou, ninguém reparou. Ai de ti. Cidade que se repara e se recoloca, não repara o que faz e que assim o faz. O óbvio. O ingênuo. O aprendizado. Reconhecer, não apreender. Costumes que ninguém nunca repara, talvez não tenham sequer reparo. Por que reparar, se ninguém repara? Reparar o parar forasteiro de quem aqui parou — não parou. E repara, a cidade repara… Não é preciso abrir a veneziana para saber que a caçamba não está mais lá. Faz dias, desde quando souberam a cruz a quem reparar pelo beijo que recebeu. Dito assim parece novela… bem, parece que virou… A janela, o vidro, aí vai sim alguma abertura, algum ar ainda fresco. E o barulho. Seco, pouca água. Muita água. Se aqui fosse veneziana, já teria afundado. Ou não, quem sabe. De repente, já afundou. Se não afundou, rachou. Abriu? Sequer há tempo para ser ruína. Reparo, haja caçamba. Não surpreenderá a todos, aqui nada surpreende, túmulo não só do samba que cá vive, vive, e pulsa, é aqui. Exótico é o reparar. Caçamba. Recolocado, errado, não. De fora, fora, terá sido o óbvio?
Vem cá, Samba. Samba era o nome daquele cachorrinho. Deve existir ainda, esse livro. Há ou havia uma foto, aparecia também. Ainda então errática. Bem, errática por errática, ainda em boa medida. Que contradição, já dizia aquele outro cantor que por alguma razão às vezes não sabe por que algo… Hein? Caramba. Vem cá, Samba. Nem, caçamba. Com uma borda vermelha em volta do nome. Não repara. Não tem mais volta. Não há cá reparo ou samba. Vem, caçamba.
Algo de bastidor
Diante do que se lê, ouve e vê, oxalá seja honesta e límpida a intenção de quem estará em posse do país durante as eleições. Para então descobrirmos como será depois. Lembrando a clássica relação entre poder e uso da força.
L.O.V. Leia Ouça Veja
“Presidente do TSE convida candidatos à presidência para conhecer a sala de totalização. O setor é composto por uma equipe de 20 servidores que trabalham em conjunto com outros setores do TSE e dos Tribunais Regionais Eleitorais. A equipe não faz a totalização, que é realizada por um computador, que fica no Centro de Processamentos de Dados, sem qualquer interferência humana” (TSE).
“O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, recebeu representantes das Polícias Civis de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal para discutir temas pertinentes à segurança das Eleições 2022 em todo o país” (TSE).
“TSE e WhatsApp lançam pacote de figurinhas para as Eleições 2022. Ilustrações incentivam usuários a verificar informações sobre o pleito” (TSE).
“O Tribunal de Contas da União vai fiscalizar as urnas eletrônicas com o objetivo de reunir dados para contrapor, caso necessário, a apuração paralela das Forças Armadas” (Estadão).
“O golpe bolsonarista encontraria uma barragem intransponível, por não convir a forças poderosas econômica e militarmente” (Janio de Freitas, Folha).
“Sejamos claros: ninguém acredita, lá no fundo, em golpe nenhum. Para que isso efetivamente acontecesse, seria preciso que as Forças Armadas topassem rasgar a Constituição, ao custo de extrema violência, e mesmo assim com baixíssima probabilidade de sucesso. Não há nenhum sinal nessa direção, nem racionalidade alguma em uma ideia infantil como essa” (Fernando Schüler, Veja).
“Após derrubar censura, Mendonça nega pedido para investigar Bolsonaro por compras de imóveis” (Estadão).
“Decisão de Mendonça sobre reportagens é recado a colegas do STF. No principal trecho do despacho, ministro diz que liberdade de expressão é assegurada a todos os brasileiros” (Tiago Angelo, Poder360).
“Homem chama Lula de ‘ladrão’ e é preso. Agentes da PF disseram que ex-presidente foi alvo de ‘injúria’” (Revista Oeste).
“Lula levou a um ato de apoio da sua campanha nove ex-candidatos à Presidência da República, incluindo Henrique Meirelles, seu ex-presidente do Banco Central” (O Antagonista).
“Se tiver Meirelles na Economia, Lula eleva chance de vencer no 1º turno, diz banqueiro” (Folha).
“Segundo especialistas, apoio de Meirelles aproxima Lula do mercado financeiro e dá indícios de moderação” (Estadão).
“Meirelles já enfrenta resistência no PT. Declarações do ex-presidente do BC sobre teto de gastos e fechamento de estatais preocupam” (Mônica Bergamo, Folha).
“Abilio Diniz: ‘Na economia não há espaço para aventuras e guinadas’. Acionista do Carrefour prevê que após eleição país volta à normalidade” (Valor).
“‘Os empresários sabem o que esperar de um governo petista’, diz Lula à Economist. Segundo a revista, Lula gosta de lembrar aos brasileiros como eles eram ‘felizes’ em seu governo, mas não reconhece que os problemas atuais do Brasil começaram com sua sucessora, Dilma Rousseff” (Valor).
“Dos tantos apitos de cachorro ativados pelo bolsonarismo no momento, um dos mais eloquentes se refere às pesquisas de opinião” (José Henrique Mariante, Folha).
“O apito de cachorro. Agressão de um deputado bolsonarista contra Vera Magalhães é consequência direta do ataque do presidente à jornalista, que ousou lhe fazer uma pergunta incômoda” (Estadão, em editorial).
“Depois de esgotar todas as cartadas, mesmo a exótica viagem internacional no momento crucial da eleição, o presidente e seu entorno parecem atordoados, perdidos, desmotivados” (Vera Magalhães, O Globo).
“Lula financia um gabinete do ódio, diz Ciro Gomes. ‘O que o Lula está tentando fazer é o que ele fez lá atrás com a Marina. É asfixiar as pessoas que não têm reparo moral porque ele é corrupto e eu não sou. Ele só pode sobreviver diante do Bolsonaro que é outro corrupto e eu não sou’, disse ao ser questionado sobre o chamado ‘voto útil’” (Poder360).
“Ministros de Dilma conspiraram a mando de Lula durante o impeachment, diz Ciro Gomes” (O Antagonista).
“Como a URSS tornou a Europa dependente do gás russo” (Russia Beyond).
“Rússia prende centenas em protestos contra convocação de reservistas. Manifestações tomaram o país desde que o presidente Vladimir Putin anunciou planos de convocação de 300 mil homens da reserva. … Moscou também aprovou novas punições severas para os acusados de abandono do dever após a convocação, impondo punições de até 10 anos de prisão para qualquer soldado pego se rendendo, tentando desertar ou se recusando a lutar” (BBC Brasil).
Playlist Condizente — The Sampa Mix — 2238
Haiti — Caetano Veloso, Gilberto Gil
“Ninguém, ninguém é cidadão.”
Caçamba — Molejo
“Vai ser enredo.”
Costumes — Roberto Carlos
“De repente, ser livre.”
A Paz — Gilberto Gil, Carolina Ferraz
“Onde o mar arrebenta.”
Na série “Sonoras que Condensam a Vida”
“O jornalismo brasileiro cometeu muitos erros sérios recentes e foi em grande parte responsável pela ascensão da extrema direita no Brasil, por ter comprado a Lava Jato fácil demais, por não ter investigado a fundo os interesses de todos.”
Jorge Furtado, cineasta, em entrevista conjunta à Folha; meados de agosto, por aí
O Artilheiro Musical
Não pede música, faz
“No lugar da maquiagem, hoje é sombra de tristeza.”
Diego & Victor Hugo; Conselho Bom
Last but not least
O chato do Português
“Se você pegar tudo que foi roubado pela corrupção e multiplicar pelo número de brasileiros, não vai dar nem três reais para cada um.”
Guel Arraes, cineasta, em entrevista conjunta à Folha; meados de agosto, por aí