A Pergunta de Rosa Weber
Um comentário e alguns destaques, quase aleatórios, sobre o que compreende a maioria
A literalidade que nos assola é tanta, que nem mesmo as imagens simbólicas de nosso tempo demandam interpretação para serem compreendidas. É a sessão solene de abertura do Ano Judiciário de 2023 no Supremo Tribunal Federal. À execução do Hino Nacional, segue-se a exibição do vídeo institucional “Democracia Inabalada”, com imagens do 8 de Janeiro e da subsequente restauração nas instalações do STF. Após uma salva de palmas, ao sentar-se para o discurso inicial, a presidente da Corte, ministra Rosa Weber, percebe a instabilidade da cadeira que ocupa, visivelmente cambaleante. Procurando manter a fleuma e o equilíbrio, olha para a direita, olha para a esquerda, permite-se um meneio de cabeça e, de olhos baixos, apenas sorri. Durante os cerca de vinte e cinco minutos de sua fala, apesar de parecer inclinar-se pouco a pouco, a cadeira se mantém firme. Ao concluir, novos aplausos, novamente de pé. Enquanto alguém grita “Viva a democracia!”, um funcionário aproxima-se para verificar a cadeira. Ao outra vez sentar-se, o imediato receio pessoal supera-lhe a mediada contenção institucional, e a ministra dirige-se ao homem (parece ser um homem) agachado a seu lado. O microfone, que ainda não diferencia essas coisas, capta tudo, inclusive o sentido amplo de uma observação restrita: “Viste o que está acontecendo nessa cadeira? Eu vou cair aqui.” Se contrapostas ao discurso recém feito, palavras bastante mais próximas de uma linguagem que compreende o povo brasileiro, em sua imensa e simples maioria.
| Destaques Não Aleatórios |
“Cadeira de Weber fica instável durante abertura do Judiciário. Plenário da Corte foi reformado depois de ter sido vandalizado por extremistas de direita nos atos do 8 de Janeiro.” | Poder360
“Os cinco recados do discurso de Rosa Weber na reabertura do STF. Ministra afirmou que ‘insufladores’ de atos terroristas serão punidos, defendeu harmonia entre Poderes e ressaltou defesa de minorias.” | O Globo
“8 de Janeiro: 58% aprovam atos, mas sem invasão de prédios públicos. Pesquisa PoderData mostra que 37% reprovam tanto as manifestações quanto as invasões e só 4% aprovam os 2.” | Poder360
“O que as Organizações Tabajara pensam sobre a Operação Tabajara do Golpe.” Madeleine Lacsko | UOL
“‘Eu sou um sem-casa, um sem-palácio’, diz Lula.” | O Antagonista
“Lula fala para ‘cercadinho’ e, se errar, crise virá em prazo muito curto, diz José Roberto Mendonça de Barros.” | Folha
“Pelo andar da carruagem, Lula deixará uma parte da militância petista em estado de graça, mas terá dificuldade para aprovar até nomeação de diretor de hospital.” Elio Gaspari | Folha
“Na Câmara, Lula ficará refém do Centrão e deve ter uma oposição forte em um Senado com perfil conservador. Dos 81 senadores, 32 preferiram ir contra Pacheco e o PT.” | Estadão
“Lula chama Campos Neto de ‘esse cidadão’ e diz que pode rever autonomia do Banco Central. A declaração de Lula ocorreu um dia depois da decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano.” | Valor
“À PF, Valdemar Costa Neto diz que recebeu ‘duas ou três’ propostas de golpe. Presidente do PL disse que não sabe quais outras autoridades tiveram acesso a esses documentos. Em depoimento prestado na quinta-feira (2), afirmou que, quando disse que havia minutas desse tipo ‘na casa de todo mundo’, utilizou-se de uma metáfora, ‘mas não falou isso para defender ninguém’.” | Valor
“Representante da defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o advogado e ex-senador Demóstenes Torres ironizou a minuta do golpe. Demóstenes afirmou que há dezenas de erros de português no documento e que, logo, teria sido elaborada pelo deputado Tiririca (PL).” | O Antagonista
“Justiça da Espanha decide que homem tem direito a andar pelado na rua.” | Folha
“O Brasil falhou com os militares. Diante de tantos fracassos, surpreende que a crise só tenha eclodido agora.” Érico Esteves Duarte | Folha
“‘Brasil caiu em armadilha diplomática imposta pelos países ricos’, diz Aldo Rebelo. Para o ex-ministro da Defesa, a Alemanha quer impor à Amazônia uma pauta ambiental que nem os próprios alemães conseguem cumprir.” | O Antagonista
“As reais razões das demissões nas big techs. Várias das maiores empresas de tecnologia do mundo demitiram mais de 150 mil trabalhadores nos últimos meses. Nenhuma das empresas especificaram que a automação foi uma motivação para suas recentes ações, mas, por causa das posições afetadas, é tentador tirar a conclusão de que esse é um fator que contribuiu para as demissões.” | Forbes
“O retrocesso na infraestrutura econômica afetou fortemente a estrutura da sociedade que entre as décadas de 1930 e 1970 desconhecia o que era recessão, desemprego aberto e mobilidade social descendente. O colapso da sociedade urbana e industrial iniciado em 1990 desestruturou a esperança do brasileiro, abrindo espaço para que no campo da política, a extrema direita se apresentasse e encontrasse via de ascender, questionando a ordem democrática existente. Constata-se, portanto, que a decadência econômica e social se processou umbilicalmente associada à esfera da política brasileira. Os governos do ciclo político da Nova República, cada um a seu modo, trataram de gerir o curso do colapso da sociedade industrial.” Marcio Pochmann | Terapia Política